JOÃO SOBRINHO filho de Cascais, hoquista de renome internacional e fazedor de amigos
Alguém que, em vida, se distinguiu e alcançou notoriedade no espaço público, já se tornou banal ouvir dizer que, “com a sua morte, ficámos todos mais pobres”, mesmo por parte de quem mal o conheceu ou pouco se haja interessado em tempo próprio por aquilo que essa pessoa fez.
A propósito do campeão de hóquei em patins João Sobrinho, por ocasião do seu recente falecimento, escreveu-se e disse-se muito justamente que ficaram mais pobres Cascais, “o desporto nacional, o hóquei português e mundial, e o Sporting Clube de Portugal”.
Eu, como seu amigo e companheiro de muitas lides, prefiro dizer que “ele continuará para sempre a estar comigo”. Recordarei eternamente a sua alegria de vida, o seu espírito de companheirismo, os muitos episódios em que se cruzaram as nossas existências, fosse no desporto, nos prazeres do mundo, no amor a Cascais.
De todas as vezes que eu voltar ao ginásio, o lugar estará, para mim, preenchido com o seu sorriso caloroso e amigo. E, sempre que deambular pelas ruas de Cascais, cujo concelho ambos amámos, vê-lo-ei como um dos filhos da terra que mais a honraram.
Eu, que sentidamente o acompanhei, como outros dos muitos amigos que soube granjear, à última morada no cemitério de Alcabideche, sentir-me-ei plenamente gratificado ao recordar os tempos em que, eu como dirigente e ele como jogador, servimos o Dramático de Cascais. E ao recordar as muitas vezes em que partilhámos conversas infindas.
Campeão inesquecível. Do João Augusto Reis Sobrinho praticante desportivo ficarão para todo o sempre registadas algumas gloriosas efemérides:
Nascido em Cascais a 15 de Maio de 1951, iniciou-se no hóquei em patins na Juventude Salesiana, orientado pelo fazedor de campeões que foi o saudoso Padre Miguel. Em 1975 transferiu-se para o Sporting, ocupando a posição de médio.
Sob a direção do treinador Torcato Ferreira, integrou então o “cinco” que tantas conquistas alcançou para o Sporting e para as cores de Portugal: António Ramalhete (guarda-redes), Júlio Rendeiro (defesa), João Sobrinho (médio), Chana e António Livramento (avançados).
Esta foi, por exemplo, a equipa-base que, ao serviço do Sporting, cometeu o feito inédito entre equipas portuguesas de ganhar no ano de 1976/77 o Campeonato Nacional, a Taça de Portugal e a Taça dos Campeões Europeus, que lhe granjeou o epíteto de “equipa maravilha”. Por este e outros feitos relevantes, o clube de Alvalade distinguiu-o com o galardão de Sócio de Mérito e, em 1992, atribuiu-lhe o Prémio Stromp na categoria de Atleta de Alta Competição.
Ao todo, foi campeão nacional por 4 vezes, conquistou a Taça de Portugal 2 vezes, a Taça das Taças 1 vez e a já referida Taça dos Clubes Campeões Europeus. Jogou 89 vezes com as cores das Quinas, pela qual obteve 81 golos, foi 3 vezes campeão da Europa e 2 campeão do Mundo.
Na temporada de 199/80 jogou ainda pelo Dramático de Cascais, por se lhe tornar mais fácil conciliar a sua carreira de profissional do Casino Estoril com a vida desportiva.
Faleceu em 19 de Julho de 2018. Lá onde esteja a sua Alma, sentirá de certeza o calor da amizade e da saudade dos que o conheceram em vida e o apreço dos adeptos do hóquei em patins, independentemente das cores clubísticas.
Forte abraço João.
*NELSON FERNANDES recorda em Cascais24Horas duas vezes por semana factos e curiosidades que marcaram outrora Cascais e fazem parte da história de esta vila de reis e pescadores.
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