CASCAIS na época em que era doce viver aqui
Branca de Gonta Colaço e Maria Archer deixaram-nos um vivo painel de personagens e ambientes nas suas “Memórias da Linha de Cascais”, livro publicado em 1943 pela saudosa Parceria António Maria Pereira, da Rua Augusta, em Lisboa.
É dessa obra (felizmente, tem sido objecto de reedições…) que retiro mais um retrato da Real Villa em tempos idos, que, quando o releio, nunca deixa de me encantar:
“Cascais vai perdurar na tradição portuguesa pela sua aura de praia da Corte.
Recordam-se ainda as suas glórias mundanas. As visitas do Presidente Loubet, dos Reis de Inglaterra e de Espanha, do Imperador da Alemanha, do Rei do Sião (…). Por cada visita dessas, Cascais desfazia-se em festejos, aristocráticos e populares. Vistosas iluminações, fogos-de-artifício de grande efeito, luxo, entusiasmo, animação, bailes, vida elegante, vida de Corte…
Recordam-se ainda, em Cascais, os torneios de ténis, os bailes da Parada. As festas, os saraus, os jantares, os piqueniques, nos palacetes aristocráticos. Os passeios de landau, de vitória, de charrete, de breack, à praia da Adraga, ao Guincho, às quintas das redondezas. Os grupos de cavaleiros, de amazonas, impecáveis, elegantes, montando cavalos de raça e percorrendo as estradas de Cascais nesse tempo em que o automóvel era uma espécie de mito.
Recorda-se, ao recordar Cascais, uma época de distinção, de boas maneiras, de encantamento, que tinha ali o seu centro mundano. Uma época em que a aristocracia se recrava recebendo em casa os seus amigos e não aceitava ainda a promiscuidade dos Casinos e Clubes. Uma época que teve, entre nós, o seu fulgor máximo nas temporadas de Cascais; uma época que morre presa à evocação de Cascais.”
*NELSON FERNANDES recorda em Cascais24Horas duas vezes por semana factos e curiosidades que marcaram outrora Cascais e fazem parte da história de esta vila de reis e pescadores.
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