20 de November, 2024
ESTORIL: Os encantos da terra e a sedução do mar
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ESTORIL: Os encantos da terra e a sedução do mar

Set 21, 2024

Com a legenda “Uma rua no Estoril”, está diante dos nossos olhos um lindíssimo bilhete-postal de há quase 120 anos, edição da Tabacaria Costa. E desde logo não sei dizer se o que hoje mais nos regala é a dimensão estética da fotografia ou o que ela nos deixa entrever da magia que emanava desta terra quando ainda próxima da obra da Natureza.

Foi certamente essa magia que levou alguns homens de rasgo e visão a erguer uma paisagem totalmente diferente e que tornou este lugar num paradouro de gente cosmopolita desejosa de se recrear e divertir.

A posição relativa em que, na imagem, se situam a terra, o areal e o mar, fazem-me crer que o clichet foi tirado na descida do Monte Estoril para a beira-mar. Não estará já muito distante do sítio onde os padres franciscanos ergueram a sua igreja de invocação ao orago Santo António.

Sobre a esquerda, estender-se-iam as terras do proprietário local José Viana da Silva Carvalho. Foi nelas, que os contemporâneos designavam por Parque do Viana, que os empresários Fausto Figueiredo e Augusto Carreira de Sousa, no início do século XX, se propuseram criar um local de veraneio da moda.

No plano de reconversão do território que aqueles promotores divulgaram em 1914, afirmavam, nomeadamente: “O Estoril não é já uma noção vaga, uma aspiração indefinida de sonhadores. No instante em que escrevemos, já cerca de duzentos homens iniciaram os trabalhos preliminares de aterros e desaterros, construção de avenidas, pesquisa e captação de águas termais, ensaios de cultura de plantas decorativas…”

Assim se prenunciava a afloração do Estoril como Riviera de Portugal, na metafórica expressão do médico Daniel Gelanio Dalgado no Congresso Internacional de Medicina realizado em Lisboa em 1906.

Situar-se-ia aqui, mais tarde, o epicentro do universo mundano da Costa do Sol. Mas perdurará em fotografias como a que hoje vos quis mostrar, um outro mundo, como o que Rosa Gonta Colaço e Maria Archer descreveram para a eternidade nas referenciais “Memórias da Linha de Cascais” “Dorme nos braços do seu arvoredo o ar antigo e feliz do século XIX. Sente-se, no ambiente morno e dormente, a tranquilidade, a doçura duma outra era, duma era que nos não pertence.”

*NELSON FERNANDES recorda em Cascais24Horas duas vezes por semana factos e curiosidades que marcaram outrora Cascais e fazem parte da história de esta vila de reis e pescadores.

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