CANDIDATOS da Esquerda à Direita assinam acordo histórico para salvar a Quinta dos Ingleses

CARCAVELOS- Cinco candidatos, da esquerda à direita, ao município de Cascais nas eleições de domingo, assinaram um compromisso histórico para salvar a Quinta dos Ingleses, anunciou, esta sexta-feira, a SOS Quinta dos Ingleses.

O “Compromisso Autárquico” para salvar a Quinta dos Ingleses é divulgado no mesmo dia em que foram partilhadas nas redes imagens da destruição de grande parte da área da Quinta no âmbito do projeto de urbanização aprovado pelo executivo PSD-CDS.

Esquerda, centro e direita, vários candidatos à Câmara Municipal de Cascais subscrevem o documento que prevê a suspensão das obras e o início de um processo negocial com os promotores Alves Ribeiro e pela St. Julian’s School Association, tendo em vista a preservação da máxima área verde possível da Quinta dos Ingleses, a proteção do ambiente e do património histórico e cultural que a Quinta dos Ingleses representa.

Alexandre Abreu, cabeça de lista da coligação BE/Livre/PAN “Futuro em Comum”, António Pinto Pereira, independente candidato pela coligação Nova Direita/Nós Cidadãos; Carlos Rabaçal, cabeça de lista pela CDU, João Maria Jonet, cabeça de lista da candidatura independente “Jonet – Cascais para Viver” e João Rodrigues dos Santos, cabeça de lista do Chega, unem-se neste compromisso histórico de salvar a Quinta dos Ingleses.

Depois das eleições do próximo domingo, os candidatos comprometem-se a suspender as obras em curso para negociar com os promotores Alves Ribeiro e St. Julian’s School Association a introdução das alterações ao projeto necessárias à salvaguarda da Quinta dos Ingleses e, nomeadamente, à salvaguarda da máxima área verde da mesma, tendo em vista a criação de uma área protegida de âmbito local, criando um parque verde urbano muito superior ao atualmente previsto e diminuindo o índice de construção do projeto em curso para harmonização do desenvolvimento urbanístico com o restante ecossistema; bem como promover uma solução consensual que permita a justa compensação dos promotores pela redução dos direitos de urbanização atualmente concedidos, designadamente através do recurso a financiamento estatal e/ou a fundos europeus, a permutas de terrenos ou, no limite, à expropriação com pagamento de justa compensação e, finalmente, votar favoravelmente as deliberações camarárias e/ou de assembleia municipal necessárias a executar o referido nas alíneas anteriores.

No comunicado de Imprensa divulgado pela SOS Quinta dos Ingleses, esta associação ambiental sublinha a importância do ato que representa a assinatura deste documento, que “demonstra a importância da Quinta dos Ingleses para toda a população de Cascais, o apoio histórico entre esquerda, centro e direita para uma solução alternativa que permita salvar este pulmão e ecossistema únicos e a possibilidade política de se reverter o processo de destruição em curso, garantindo que as gerações futuras não serão vítimas das erradas políticas do atual executivo camarário”.

A SOS Quinta dos Ingleses sublinha o facto de BE/Livre/PAN “Futuro em Comum”, a CDU, João Maria Jonet, Nova Direita/Nós Cidadãos e Chega terem assinado este documento e lamentam que PS e IL não o tenham feito, apesar de se dizerem favoráveis à preservação da Quinta dos Ingleses.

Contactado por Cascais24Horas, Pedro Jordão, Vice-presidente da SOS Quinta dos Ingleses, declarou que “a percepção pública e as críticas que têm vindo a ser feitas por diversos candidatos às eleições autárquicas vão no sentido de considerar a postura do PS Cascais como alinhada com o PSD-CDS, e de não fazer uma verdadeira oposição. O silêncio do PS em relação à assinatura deste acordo reforça essa convicção e é lamentável que, um partido que foi essencial para a aprovação da Resolução da Assembleia da República que recomendou ao Governo a proteção total da Quinta, tenha agora esta postura”.

Pedro Jordão considerou, ainda, que nos contactos que o SOS Quinta dos Ingleses tem tido com a população, é visível um apoio claro do eleitorado PS à proteção da Quinta dos Ingleses e que este aparente distanciamento da cúpula do partido poderá vir a traduzir-se num sério revés eleitoral, embora tenha esperança de que isso resulte apenas dos afazeres da campanha.

Em relação à Iniciativa Liberal (IL), Pedro Jordão referiu que lamenta que não subscreva um documento que assegura que os direitos dos proprietários serão acautelados, compatibilizando a proteção da Quinta dos Ingleses com esses direitos.

“Este acordo poderá vir a traduzir-se numa reversão efetiva do processo de destruição da Quinta dos Ingleses que está em curso e num marco histórico na política autárquica, demonstrando que há questões ambientais que não têm cor, nem partido e que, acima de tudo, é essencial preservar a nossa “casa comum”, gerindo o território para o bem de todos e protegendo as gerações presentes e futuras dos desafios que a crise climática coloca”, lê-se no comunicado de imprensa da SOS Quinta dos Ingleses.

A SOS Quinta dos Ingleses apela, por isso, ao voto: “É essencial ir votar. É essencial mudar o estado de coisas em Cascais e isso, em democracia, só se obtém através do voto: só com o voto nos candidatos que subscreveram este documento e defendem verdadeiramente a Quinta dos Ingleses e com uma mudança do executivo camarário é possível impedir ecocídios como o da Quinta dos Ingleses, atentados urbanísticos como o do Hotel Hilton e/ou impedir a destruição programada das áreas verdes que restam no concelho, nomeadamente, em Birre, Areia ou Guincho e no Parque Natural Sintra-Cascais, garantindo a recuperação da qualidade de vida e do legado histórico em Cascais”.