26 de December, 2024
E, prestar contas, não?
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E, prestar contas, não?

Dez 8, 2019

Em Cascais, com a liderança de Carlos Carreiras na Câmara Municipal, perdeu-se definitivamente o hábito de prestar contas do exercício do poder autárquico aos munícipes.
Sei, ou sinto, que hoje a maioria das pessoas não se quer dar ao trabalho de escrutinar o mandato que entregou pelo voto ou que, porque deixou de acreditar, não foi sequer votar.
Para quem gosta de política, este seria o sinal de alarme para investir em envolver as pessoas nas decisões e na informação pública das razões das medidas tomadas e depois os resultados obtidos.
Para quem, como o grupo que manda em Cascais, gosta de usar a política para benefício próprio, não só não é um problema, como é algo que pretendem incentivar cada vez mais. Quanto maior for a distância entre os eleitores e as decisões da administração “melhor se administra” a seu bel-prazer.
Prestar contas dá trabalho e algumas decisões de administração pública em Cascais, que temos acompanhado nos últimos tempos, só com uma boa dose de imaginação e capacidade inventiva se conseguem explicar!
As opções de desenvolvimento urbanístico são chocantes.
Não percebo a razão que levou a aprovar a intervenção urbanística à entrada de Cascais nem que interesse público possa estar por detrás de tal decisão. Já os interesses privados são evidentes…
As opções de desenvolvimento da mobilidade são opacas.
Ninguém consegue perceber que modelo de mobilidade se pretende implementar nem que ferramentas serão consideradas para garantir essa mobilidade.

Investimento em estradas zero. Mesmo os projetos estruturantes, alguns com dezenas de anos com projetos, nada. A conclusão das vias longitudinais sul e norte, a variante à estrada nacional 247 no eixo Abóboda Trajouce, e o cuidado mais fino em algumas localidades a precisar de urgente revisão de trânsito, (Abóboda, Trajouce, Cabeço de Mouro, Amoreira, Sassoeiros, Arneiro, Cascais) são alguns exemplos de muitos em que tropeçamos em Cascais.
O investimento em transporte público é uma medida a aplaudir, mas também sobre isso é urgente prestar contas.
O que é prioritário?
Investir meio milhão de euros numa viatura não tripulada para deslocar(?) meia dúzia de pessoas da Universidade para a estação de Carcavelos ou investir em melhorar os transportes nas muitas zonas ainda cinzentas do concelho?
E o investimento já realizado permitiu transportar quantas pessoas?
Quanto está a custar ao erário público por pessoa transportada esta solução implementada?
E as muitas zonas do concelho onde o estacionamento continua a ser um caos e manifestamente insuficiente para as necessidades? E as zonas do concelho que por artes mágicas de estacionamento livre passa para estacionamento pago?

A política de habitação agora anunciada é um grande ponto de interrogação.
Anunciar-se com pompa e circunstância investimentos em habitação para estudantes antes de pensar nos problemas que ainda existem para os que já habitam o concelho só demonstra que a política em Cascais é feita virada para fora, virada para as televisões e os jornais, ignorando os problemas e os anseios dos que pagam impostos em Cascais.
E não fica claro quem faz o investimento, se o município se os investidores no betão…
Em apenas três exemplos da gestão camarária ficam tantas perguntas sem resposta.
Agora que está na moda falar-se de saúde poderia dizer que precisávamos de um especialista em medicina interna para avaliar os problemas e um cirurgião para operar e resolver esses problemas mas, afinal, Carreiras, Pinto Luz e Piteira são apenas…anestesistas!

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