
UM RETRATO bem-humorado de Cascais por um dos grandes “cartoonistas” portugueses

Augusto Cid faleceu há pouco mais de cinco anos, quando estava à beira de completar os 83 de idade. Foi responsável por uma obra imensa e cheia de talento, mas nunca teve o reconhecimento oficial que sem dúvida teria justificado. Foi esse o preço da sua independência e de nunca ter pertencido aos círculos pretensiosamente bem-pensantes do Poder, que sempre o marginalizou.
Em contrapartida, mereceu o elogio público de alguns dos seus pares das novas gerações, como foi o caso de André Carrilho (“Cid foi um dos maiores cartoonistas portugueses de sempre”) e de Luís Afonso, que o classificou como um “cartoonista fantástico”).
Fez os estudos secundários nos Estados Unidos e, ao regressar, cursou a Escola Superior da Belas-Artes de Lisboa. Deixou alguns milhares de “cartoons” nas páginas dos jornais e revistas. Alguns: “A Mosca”, “Diário de Lisboa”, “Observador”, “Vida Mundial”, “O Jornal Novo”, “A Tarde”, “O Dia”, “O Diabo”, “Semanário”, “O Independente”, “Grande Reportagem” e “Sol”.
A sua obra de cartoonista está parcialmente reunida em mais de 30 álbuns. E, nos últimos anos de vida, realizou trabalhos de escultura, que podem ser apreciados em ruas de Lisboa: uma peça de homenagem às vítimas dos atentados de 11 de Setembro de 2001 (instalada no cruzamento das avenidas de Roma e dos Estados Unidos) e uma representação figurativa do Santo Condestável D. Nuno Álvares Pereira (um dos projectos vencedores do Orçamento Participativo de 2013, por votação entre os munícipes da capital, e instalada no topo da Avenida da Torre de Belém, sobre o relvado do Jardim Ducla Soares, orientada no eixo entre a Capela de São Jerónimo e a referida Torre).

O postal que seleccionei para ilustrar esta publicação é um retrato irónico e divertido do afluxo de turistas que assaltam quotidianamente a Baixa de Cascais, submergindo os símbolos das actividades tradicionais da vila, como a pesca.
Augusto Cid nasceu em novembro de 1941 na Horta e faleceu a 14 de março de 2019 em Lisboa.
*NELSON FERNANDES recorda em Cascais24Horas duas vezes por semana factos e curiosidades que marcaram outrora Cascais e fazem parte da história de esta vila de reis e pescadores.
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