
PORTUGAL não pode ignorar o preocupante resultado das eleições de 10 de março

O resultado das eleições de 10 de março de 2024 traduziram a tendência, existente na atualidade, quer na Europa quer na América, do aumento das forças populistas à direita.
Portugal não pode ignorar este preocupante este resultado.
A reflexão sobre a demagogia populista, oportunista, que tende a simplificar os problemas complexos é uma realidade atual, mas refletir sobre o aumento exponencial destas forças políticas, como reflexo de um voto de protesto é também fundamental.
A ideia que passa diariamente nos média é a de que as políticas em democracia não resolveram parte dos problemas de uma grande franja do povo português. Esta ideia, porventura real, não tem, normalmente, em conta os problemas e as crises internacionais que, sendo Portugal um país da União Europeia, nos afetam inevitavelmente.
A ingenuidade dos partidos democráticos, especialmente dos que são muito jovens, conjuntamente com o aproveitamento dessa fragilidade por parte das forças de extrema-direita para ascensão ao poder, são fatores extremamente perigosos para a paz no mundo, como já tantas vezes a História nos demonstrou.
Em Portugal, não obstante, existirem ainda portugueses que viveram durante o período do Estado Novo, existe também uma população jovem que já nasceu em democracia. Neste contexto, podemos refletir e perguntar, quer a nível familiar, quer a nível do ensino:
Que valores foram passados aos jovens?
Conseguiram, os que viveram em ditadura, transmitir aos filhos, netos e alunos, os valores dos direitos humanos, da liberdade e da democracia?
Portugal, durante o regime do Estado Novo, tinha taxas de alfabetização baixas e taxas de mortalidade infantil muito elevadas, ao nível do chamado terceiro mundo ou países subdesenvolvidos. Há quem não se lembre destes factos e há quem, nem tão pouco, tenha conhecimento deles.
Durante os 50 anos de democracia, Portugal conseguiu sair do subdesenvolvimento. Na atualidade, os indicadores de desenvolvimento apontam para Portugal como um país completamente integrado numa “Europa do Progresso Social”.
No entanto, anteveem-se tempos difíceis com a previsível instabilidade política e retrocesso nos valores democráticos conquistados com revolução de 25 de abril de 1974, em Portugal.
A par com a iliteracia histórica, política e social, o voto de protesto na extrema-direita revelou-se aterrador no resultado das eleições do dia 10 de março.
Há que ter em conta ainda que, para além da derrota do Partido Socialista, os grandes derrotados também foram: o Presidente da República, ao dissolver o parlamento e convocar eleições antecipadas num cenário atípico com previsível consequências desastrosas para o país; a PGR, que lançou, para a praça pública, um comunicado com suspeitas graves, sem qualquer acusação até hoje, e que acabou por levar à demissão do Primeiro Ministro; grande parte da Comunicação Social, que estando em crise profunda, se digladia na disputa de audiências fãs do espetáculo mediático do populismo, em detrimento da informação culta e de qualidade, ou seja, da verdadeira informação tão importante na democracia; as organizações que, ao longo do ultimo ano, promoveram todo o tipo de ações contra o Estado; e finalmente, voltando aos média, uma grande parte dos comentadores televisivos, quase sempre sem contraditório, que desencadearam uma guerra sem quartel ao Governo do PS, empolgando ao rubro qualquer falha, para um público também ele muito empolgado, contestando e criticando todas as medidas de apoio aos mais desfavorecidos, independentemente da sua importância no combate á inflação provocada pelas Guerras na Ucrânia e no Médio Oriente e desvalorizando de uma forma desprezível o esforço brutal que todos fizemos, com a ajuda do Governo, para ultrapassar a pandemia.
Concluindo, nunca deveríamos ter ido a eleições sem que o Governo do PS terminasse o seu mandato.
Os atores da Política, da Justiça e da Comunicação Social, impulsionaram toda esta instabilidade, sem perceberem o perigo que Portugal corre devido à gravidade das suas atitudes.
– Os artigos de OPINIÃO publicados são da inteira responsabilidade dos seus autores e não exprimem, necessariamente, o ponto de vista de CASCAIS24HORAS
Outros artigos de Joaquim Fernandes
A 10 de março cumpre-se também Abril mais do que nunca!
https://cascais24horas.pt/a-10-de-marco-cumpre-se-tambem-abril-mais-do-que-nunca/