2 de August, 2025
POLÉMICA. Presidente da Juventude Popular de Cascais diz que estrutura foi ignorada no apoio do CDS a Nuno Piteira Lopes pela “Viva Cascais”
Atualidade Política

POLÉMICA. Presidente da Juventude Popular de Cascais diz que estrutura foi ignorada no apoio do CDS a Nuno Piteira Lopes pela “Viva Cascais”

Jul 25, 2025

CASCAIS- O presidente da Juventude Popular (JP) de Cascais, Salvador Sommer Sacadura, denunciou, esta sexta-feira, a Cascais24Horas, que a sua estrutura foi ignorada nas negociações entre o CDS e o PSD pela continuidade da coligação “Viva Cascais”, com Nuno Piteira Lopes como candidato à presidência do município nas eleições autárquicas de 12 de outubro.

O líder da JP lembra que é “militante da Juventude Popular de Cascais há doze anos” e que faz “política activa no concelho desde 2014”, além de liderar “com honra, a estrutura da JP Cascais desde 2022”.

Depois de recordar que acompanhou “de perto duas eleições autárquicas — em 2017 e 2021 — e, apesar de nem sempre ter concordado com o rumo dado ao concelho”, ter-se mantido “leal ao CDS” e “apoiar a coligação VIVA CASCAIS em nome da estabilidade, da governação e da responsabilidade institucional”, Salvador Sommer Sacadura acrescenta que “apoiar a coligação foi, nesses momentos, um mal menor. Mas o que hoje vemos em Cascais já não é comparável ao passado”.

O presidente da JP de Cascais considera que “esta candidatura e este projecto são, para muitos de nós, inconcebíveis”.

“Cascais deixou de ser aquela vila interclassista que orgulhosamente se proclamava “de reis e pescadores” para se tornar, aos olhos de muitos, num feudo de betão e especuladores. A descaracterização do território é notória, o desrespeito pelo património é flagrante e a lógica que governa o concelho está cada vez mais assente na voragem do lucro e na destruição da identidade local, tudo em nome do “investimento”, explica no Salvador Sommer Sacadura.

Diz, ainda, o líder dos jovens centristas que “o crescimento urbanístico é descontrolado. Pinheiros, jardins e zonas verdes dão lugar a condomínios de luxo. O que antes era um território onde a serra se encontrava com o mar, é agora uma selva de betão. O espaço público é sacrificado, e as comunidades tornam-se enclaves murados, sem alma, sem convivência e sem identidade”.

Em defesa das tradições

O presidente da Juventude Popular tece duras críticas à governação da maioria ao afirmar que “este executivo, deslumbrado com o investimento estrangeiro, esquece-se que a verdadeira riqueza de Cascais não vem de fora, mas de dentro: da nossa natureza, das nossas tradições, do nosso património edificado, da nossa paisagem e da forma de vida que sempre nos distinguiu. São esses activos que sempre atraíram investimento e visitantes de qualidade. Mas estão a ser dilapidados em troca de um modelo de desenvolvimento que, como alertámos, conduz Cascais em direcção às rochas”.

“A geminação com Miami, celebrada em 2023, é mais do que simbólica: é a consagração de uma mudança de modelo. Deixámos de ter em Biarritz a nossa inspiração para passarmos a ter em Miami — ou Benidorm — o nosso farol”, salienta Salvador Sommer Sacadura.

“CDS subserviente do PSD em Cascais”

O líder da Juventude Popular afirma que “em relação ao CDS Cascais há que ter coragem para dizer que é conivente com o que se está a passar e que no plano político, falhou”.

Salvador Sommer Sacadura critica “a concelhia que não foi capaz de nos ouvir com abertura nem com espírito de inclusão. Prevaleceu a lógica de sempre — nomeações, lugares e silêncios — em vez de uma afirmação política clara e uma oportunidade de renovação”.

“A Juventude Popular de Cascais foi sistematicamente ignorada, e quando não foi ignorada, foi condicionada. Tentaram amestrar consciências com promessas de continuidade, de lugares, de “boas relações”, denuncia Salvador Sommer Sacadura, que vai mais longe ao destacar que “muitos de nós não se revêm nesse modo de fazer política. O CDS em Cascais tornou-se subserviente ao PSD, perdeu voz própria, perdeu estratégia, perdeu ambição. Quando tinha nas mãos uma oportunidade histórica para se afirmar como alternativa, escolheu dobrar-se. Apoia agora uma candidatura que nada tem que ver connosco nem com os valores do nosso partido”.

“Muitos jovens de Cascais — e não só da JP — começam a olhar com respeito e esperança para os grupos de cidadãos que, num verdadeiro sobressalto cívico, tentam travar esta governação extrativa”, diz Salvador Sommer Sacadura, segundo o qual “como dizia o patrono da Juventude Popular “A juventude não é instalada”. Não nos calamos perante aquilo em que Cascais se está a tornar”.

“Pessoalmente, pouco me preocupa saber se daqui a quatro anos continuará a haver CDS ou JP em Cascais, quando nem sequer sei se ainda terei um concelho onde possa viver”, acrescenta o líder da JP, que especifica que “o delapidar do tecido social, a falta de ambição para uma política de habitação, a destruição dos espaços verdes e o empobrecimento da paisagem ameaçam a permanência das gerações mais novas no seu próprio concelho”.

“Como dizia Winston Churchill, não se governa a pensar nas próximas eleições, mas sim nas próximas gerações. Este executivo esqueceu-se disso. E esta candidatura não corrige, antes aprofunda, o problema”, relembra Salvador Sommer Sacadura que conclui: “É por isso que, com a minha consciência tranquila e o meu dever cumprido, enquanto Presidente da Juventude Popular de Cascais, não apoio Nuno Piteira Lopes para Presidente da Câmara Municipal de Cascais”.

Salvador Sommer Sacadura, 26 anos, que estudou Ciência Política e Relações Internacionais em Universidade Católica Portuguesa e antes frequentou os Salesianos do Estoril, foi reeleito presidente da Juventude Popular de Cascais em agosto do ano passado.

4 Comments

  • SIM , O Concelho devia ter continuado a seguir o modelo Biarritz , ou virar-se para o modelo Alsácia. Após 50 anos, não vou votar CDS e evidentemente nem PSD.

    • Concordo plenamente com Salvador. Morro epesodicamente em Cascais onde comprei um apartamento faz 10 anos. Adoro Cascais porém a qualidade de vida está em baixa por causa do excesso de novas construções.
      A praça de touros desapareceu.
      A circulação na 25 de abril está eum engarrafamento permanente.
      Como Salvador falou, Cascais perde a sua alma com sua direção atual e provável.
      Já com saudade dos anos recentes…

  • Fui muitos anos militante do CDS e apoio a declaração do Presidente da JPC pela sua coragem e visão do nosso Concelho. Mudei para o Chega por aversão ao rumo conduzido pela AD no concelho, nestes últimos anos, e pelo sentimento de corrupção dos seus dirigentes, que transformaram e pretendem continuar a transformar numa Miami desordenada.

  • Fico com uma urticária a quando aparecem este tipo de comentários, pois só se fala de Cascais como se fosse o epicentro o tudo o resto apenas umas ondas de choque, mas não não fosse a periferia jamais Cascais seria o que é, pouco me importa a opinião contrária desde que não seja uma opinião global de concelho, NUNCA alguém das lideranças políticas quer sejam as juventudes quer sejam os políticos “seniores” se preocupam em profundidade com a periférica deste concelho, o desenvolvimento apenas só perderá dar no que isso acontecer com vigor, as partes históricas da periferia se assemelha a idade média, sendo justo que bem mas pouco se vem fazendo desde a era carreiras e confio que esta nova jovem era Piteira Lopes o possa fazer com mais afinco e preocupação, novas urbanizações são extremamente necessárias não no epicentro mas sim na periferia ao contrário do que se diz não há excesso de betão mas sim demasiadamente concentrado, o investimento é possível criando bolsas de indústria e em seu redor zonas habitacionais bem estruturadas com pensamento no futuro, a guerrilha de coligação pouco interessa ao comum munícipe pois é interpretado por guerras de poleiro, no caso da JP deixo uma opinião pessoal se o PSD não tivesse dado a mão ao CDS que era dado como morto como seria hoje?

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