
JOÃO Maria Jonet desfilia-se do PSD e opta por “Tomar Partido Por Cascais” como independente

CASCAIS- João Maria Jonet, nascido e criado em Cascais, embora, a partir de certa altura, tenha optado por ir viver para Lisboa e partilhar uma casa com amigos, dado os incomportáveis preços dos arrendamentos e de venda de casas em Cascais, acaba de desfiliar-se do PSD para candidatar-se como independente à presidência da Câmara de Cascais.
A apresentação da candidatura tem lugar esta quarta-feira, dia 25 de junho, ao final da tarde, no Parque Marechal Carmona.
“Cascais está a perder o equilíbrio que a definiu ao longo de décadas – entre mar e serra, entre a tradição e o futuro, quem nasceu cá e quem cá chegou”, diz João Maria Jonet, 27 anos, licenciado em Ciências Políticas e Relações Internacionais, militante do PSD desde os 21 anos e atualmente comentador político numa estação de televisão.
João Maria Jonet “apresenta-se como alternativa à lógica de governação atual, marcada por uma visão deslumbrada, onde o crescimento desordenado, o betão fácil e a exclusão social têm substituído a qualidade de vida, o planeamento e o sentido de comunidade”, segundo o jovem candidato.
O seu projeto para Cascais propõe um “modelo de desenvolvimento sustentável, equilibrado e justo, centrado em cinco prioridades claras:
“Requalificar em vez de expandir: combater a construção de luxo desnecessária, apostando na recuperação do edificado para habitação acessível e equipamentos públicos; Proteger o ambiente e o mar: travar a poluição e reforçar a infraestrutura de saneamento, devolvendo a Cascais a sua relação exemplar com a costa; Melhorar a mobilidade: investir em transportes públicos eficientes, ciclovias e zonas pedonais que respondam às necessidades reais de quem cá vive; Reequilibrar o acesso à habitação: lançar programas com custos controlados e revitalizar os bairros existentes, devolvendo centralidade às famílias de classe média; Preservar a identidade local: apoiar o comércio tradicional e travar a descaracterização cultural provocada por turismo predatório e grandes cadeias”.
A candidatura “é um apelo à ação cívica, é uma tentativa séria de devolver a Cascais o que nunca devia ter perdido: o direito de viver aqui com dignidade, equilíbrio e pertença”.
A apresentação da candidatura oficial “Queremos Cascais Para Viver” contará com a presença de João Maria Jonet, apoiantes de vários quadrantes cívicos de Cascais e com intervenções públicas que “refletem o espírito plural e participativo desta proposta política”.
Críticas à atual governação
Entretanto, João Maria Jonet tece duras críticas à coligação que governa Cascais há 24 anos.
“Cascais tem-se tornado num caso de estudo do tipo de PSD que vai desiludindo os portugueses e que, por isso, se vai afastando da sua natureza maioritária. É este triunfo do aparelho sobre o mérito, da resistência nas trincheiras da intriga sobre a apresentação de resultados concretos, que explica que ao fim de 24 anos no poder em Cascais, e depois de ter tido nomes com a qualidade de Joana Balsemão, Filipa Roseta ou Ricardo Baptista Leite, o PSD apresente agora como candidato o seu presidente de concelhia”, enfatiza João Maria Jonet.
“Tal como na Madeira, em Cascais, o PSD é um cínico ocupante do poder que governa para se eternizar e só depois para servir. Coloniza as instituições públicas de militantes de todo o país, multiplicando empresas municipais e usando impostos altos para manter o concelho em estado permanente de festa, num festival de despesismo que vai passando despercebido porque em Cascais há mesmo muito dinheiro. Faz confusão ver a Câmara da minha terra ser usada para construir um gigantesco saco de votos dentro do PSD nacional, em que militantes de todos os cantos do território são contratados para garantir o controlo de distritais e concelhias”, lamenta João Maria Jonet.
“Falar com empresários que sentem que a vida fica mais simples para o seu negócio se se fizerem militantes. Ver funcionários da Câmara capazes serem desvalorizados ou afastados porque não alinham. Um partido que gerou um concelho amorfo, em que apenas 43% das pessoas votaram nas últimas autárquicas. Quem assista a reuniões de Câmara ou de Assembleia Municipal só pode sentir vergonha da falta de respeito que um representante do partido de Sá Carneiro tem pelos seus opositores e pelos seus eleitores”, lamenta, ainda, João Maria Jonet, que acrescenta: “Reitero que isto não quer dizer que Cascais esteja perante um cenário apocalíptico e que o PSD tenha feito tudo mal. Quero apenas dizer que chegou a altura de exigir aos políticos mais do que o mínimo. Parar de fechar os olhos a tudo o que de inaceitável se passa na nossa política partidária só porque os resultados não são horríveis. Temos que ser mais do que medíocres”.
A (im)provável aliança com Pinto Pereira
Em declarações a Cascais24Horas, João Maria Jonet revelou que a sua candidatura à presidência da Câmara de Cascais surge depois de um longo período de “nove meses de ciclos de conferências” em que foram abordados e analisados problemas do concelho e avançadas soluções”.
Confrontado sobre uma possível aliança com outro candidato independente, no caso António Pinto Pereira, jurista e ex-deputado parlamentar do Chega e que, entretanto, também desfiliou-se do partido, João Maria Jonet considerou “pouco ou nada provável”.
“Ainda não percebi o projeto e a ligação a Cascais”, sublinhou João Maria Jonet, referindo-se a António Pinto Pereira, que “tem vindo a identificar-se nas redes sociais pela crítica, mas sem apresentar soluções concretas para os problemas”.
Recorda-se que, conforme Cascais24Horas noticiou oportunamente, António Pinto Pereira não descartou uma possível aliança com Jonet para “Mudar Cascais”, embora tenha salvaguardado “não ter feito ainda quaisquer contactos nesse sentido”, o que o candidato por “Queremos Cascais Para Viver” também confirmou.
Até ao momento, na corrida à governação de Cascais estão oficialmente dados como certos Nuno Piteira Lopes, atual Vice-presidente do executivo pela coligação no poder PSD e CDS-PP “Viva Cascais”, João Ruivo pelo PS, Carlos Rabaçal pela CDU, Manuel Simões de Almeida pela Iniciativa Liberal (IL) e os independentes António Pinto Pereira e João Maria Jonet.
Por conhecer, estão, nomeadamente, os candidatos do Chega, embora um dos nomes mais avançados e consensuais seja o do ainda atual vereador João Rodrigues dos Santos, do PAN e do Bloco de Esquerda (BE).
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