DEMISSÕES no Hospital de Cascais
Por REDAÇÃO
02 janeiro 2024 | 18h17
Por estar “em causa a qualidade da atividade assistencial prestada e a segurança dos doentes”, os chefes de equipa de Medicina Interna e os Assistentes Hospitalares que desempenham funções de chefes de Balcão do Hospital de Cascais apresentaram a demissão em bloco numa carta enviada esta segunda-feira ao conselho de administração.
A notícia foi avançada pela CNN Portugal, com o conselho de administração, segundo uma nota à qual Cascais24Horas teve acesso, a garantir que, “em conjunto com as autoridades competentes, mantém o firme compromisso de encontrar as soluções que minimizem os impactos decorrentes das pressões que o Sistema Nacional de Saúde, no seu conjunto, enfrenta”.
O Hospital de Cascais é gerido através do modelo de Parceria Público-Privada e desde o ano passado pelo grupo espanhol Ribera Salud, e os profissionais de saúde alegam, ainda, que o “rácio médico-doente” no Serviço de Observação é superior ao limites previstos nos regulamentos.
Os médicos afirmam que têm assistido “de forma progressiva” à “degradação das condições de segurança dos doentes admitidos no Serviço de Urgência Geral” e a “qualidade” dos cuidados de saúde prestados pelos profissionais.
Denunciam que “ao número de doentes internados no Serviço de Observação, que extravasa significativamente a capacidade máxima prevista do mesmo, com rácios médico-doente claramente ultrapassados, acrescem a ausência grave de capacidade de resposta aos doentes que recorrem ao Balcão de Medicina, com um impacto completamente disruptivo na atividade do Chefe de Equipa e restantes elementos”.
Já entre as queixas dos assistentes hospitalares fala-se em “escassez de condições materiais”, com particular foco na falta de macas, que impede os profissionais de “cuidar, de forma segura e digna, dos doentes” enquanto estes aguardam internamento.
Os chefes de Equipa do Hospital de Cascais e Chefes de Balcão afirmam estar a assumir “de forma insustentável” cada vez mais tarefas e funções, com um elevado “desgaste físico, intelectual e psicológico”, lê-se num documento ao qual a CNN Portugal teve acesso.
Entretanto, na sequência das notícias vindas a público, a Administração do Hospital de Cascais, em nota de esclarecimento à qual Cascais24Horas teve acesso, “reitera o seu total compromisso com os cuidados de saúde prestados à população que serve mantendo as urgências abertas (adultos, ginecologia-obstetrícia e pediátrica)”.
Refere, ainda, a mesma nota, que “fruto das contingências da época, a sobre afluência aos serviços de urgência tem contribuído para uma sobrecarga que, naturalmente, está na origem de algum descontentamento dos seus profissionais de saúde, na medida em que o Hospital de Cascais foi o único da região de Lisboa a nunca ter fechado, o que acarreta as suas consequentes implicações”.