21 de October, 2025
CARREIRAS: Prepotência e Impotência
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CARREIRAS: Prepotência e Impotência

Ago 18, 2025

OPINIÃO | SALVADOR SOMMER SACADURA

A forma como Carlos Carreiras se tem dirigido aos seus adversários políticos, em especial a João Jonet e a António Pinto Pereira, é digna de registo – não pelo mérito, mas pela puerilidade. Insultar Jonet pelo apelido, insinuando trocadilhos baratos, é de uma infantilidade que não deixa de ser irónica: o próprio Carreiras acusa Jonet de “criancice” por causa da sua idade (27 anos), mas aqui quem se comporta como um autêntico menino amuado é o Presidente da Câmara. Ao invés de rebater ideias ou discutir projetos para o concelho, prefere descer ao recreio, trocar nomes e lançar farpas pessoais — sinal de que, quando os argumentos faltam, a irrelevância sobra.

O mesmo se repete no caso de António Pinto Pereira, a quem Carreiras gosta de chamar depreciativamente “Chega B”. Não é um epíteto ocasional, é a forma de comunicação política que escolheu. Não há debate sério, não há contraditório substantivo. O que existe é uma constante tentativa de descredibilizar os opositores, de reduzir o seu valor político a um rótulo depreciativo, como se a força das ideias se medisse pela habilidade em colar alcunhas. É o estilo de quem confunde liderança com sarcasmo barato.

Chega a ser irónico, mas é a verdade: ao lado de Carlos Carreiras, André Ventura quase parece um institucionalista moderado. E quando a bitola democrática de um presidente de câmara nos obriga a fazer tal comparação, algo está profundamente errado

Acresce que Carreiras repete até à exaustão que “a oposição só sabe dizer mal de Cascais” — uma frase que, mais do que um argumento, é um diagnóstico. Não é só um reflexo de irritação: é revelador de um profundo desconforto com a própria democracia no município. Para Carreiras, a existência de oposição não é apenas indesejável, é absurda. Só alguém muito desconexo da realidade fora da bolha dos gabinetes ou com um verdadeiro mal-estar com o funcionamento democrático é que pode sofrer de tal miopia.

No entanto, há algo de ainda mais revelador: este comportamento tem-se intensificado nos últimos tempos, coincidindo com a aproximação do fim do seu consulado. É o crepúsculo de um ciclo político longo, mas que se apaga sem brilho. Não houve planeamento para o futuro a longo prazo, não houve estratégia para além da autopreservação do poder pelo poder. Não houve ‘visão de cidade’. Não há legado. Há desgaste. E quando só resta o desgaste, a condescendência torna-se num dos últimos refúgios possíveis.

O comportamento de Carreiras é, afinal, um sintoma do desnorte das cúpulas do “Viva Cascais”, que se debatem com a erosão da sua própria (des)governação. Um executivo que, em vez de discutir ideias, prefere trocar insultos, já não governa, apenas sobrevive da melhor maneira que consegue e para mal dos pecados dos cascaenses e da democracia, é esta mesmo.

–Os artigos de OPINIÃO publicados são da inteira responsabilidade dos seus autores e não exprimem, necessariamente, o ponto de vista de CASCAIS24HORAS.

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2 Comments

  • Cumpre, desde já, felicitar o Cascais24Horas, pelo trabalho e serviço prestado até à data, onde a informação surge como principio estruturante e basilar da sua própria existência.
    Dito isto, é de assinalar a isenção que tem demonstrado ao longo do tempo, algo espinhoso nos tempos actuais em que vivemos, mas que se revela de uma utilidade pública incomensurável.
    Por isso, aqui vos deixo um profundo sentimento de agradecimento.
    Pluralidade democrática é um dos pricipios estruturantes da nossa democracia, assim o consagra a nossa Constituição.

  • Esse politeco sempre andou em bicos de pés e sempre procurou valorizar-se desprezando tudo e todos à sua roda. Todos os que fizeram grande o concelho, as suas terras e as suas gentes.
    Mesmo dentro do partido, espezinhou a torto e a direito para chegar onde infelizmente assentou arraiais.
    Com a sua pandilha intitulam-se a “Geração Cascais”. Mas quem são? De onde vêm e para onde vão?
    Acabou! Tem mais do que lhe é devido. Mas felizmente chegou ao fim. Que o testemunho não seja deixado ao acaso em mãos de quem não o merece.

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