CASCALENSES ou Cascaenses
Guarda segredo do nome não lhe descobrindo a origem!
Nele se misturam perdidas num espaço longínquo a lenda e a história. Que vem dos romanos, de um tal Cascales, de Espanha Juan Cascall.
De ´´encascar“ as redes que é metê-las em grandes talhas e nelas as tingir e fortalecer que é o ofício dos pescadores e deles sempre se construiu a terra. José Leite de Vasconcelos explica melhor: que nome vem de ´´Cascale´´, esse substantivar de conchas e crustáceos, vivências marítimas, animais da zona.
Perdido no longe o nome, o certo é que ao território de Cascais chegaram pescadores fenícios, na baía pernoitando, restaurando redes, fazendo crescer o povoado e nele marcando memórias. E, à medida que os séculos iam apagando a origem, ascendiam a vila, valorizavam a praia onde os barcos se acoitavam e as fortalezas se erguiam.
Ao fundar-se Portugal, a população de Cascais era moura e consta que lá se erguia a Torre dos Mouros que, em 1755, o terramoto destruiu.
Em 1364, D. Pedro I elevava-a a Vila e quando, em 1370, D. Fernando a doa a Gomes Lourenço de Avelar, doa-lhe igualmente o castelo, em cuja existência acreditamos, porque cremos no floral do rei. E em carta régia o monarca delimita o concelho e seu poder venceu os anos, já que os limites se mantêm e, até hoje, sensivelmente respeitam essa primeira vontade.
A Vila de Cascais, a última do mundo a roçar o ocidente, possui ainda indícios arqueológicos de toscos utensílios que dizem os entendidos, remontam ao paleolítico, 5.000.000 a.C.
Quer-nos fazer crer a lenda que, em 1570, lançou ferro na baía a Nau Santa Clara, trazendo Camões e os Lusíadas… O que se sabe de certo é que, desde tempos imemoriais, esta era uma baía de pescadores, a praia sulcada de redes, o mar de barcos.
Depois pega-se a Sintra, acaba no Promontório Sagrado onde os homens de Viriato honravam os deuses, cuja presença acreditavam dominar marés e decidir batalhas. Guarda bairros antigos, casinhas pequenas, ruas estreitinhas; depois foi o crescer em moradias e palácios que o clima apetecia e o mar não negava sustento.
No reinado de el-rei D. Dinis, a família real escolhe a Vila para residência oficial e é então que, de desconhecida a praia dos pescadores, passa a ponto obrigatório de encontro de aristocracia.
Pelas salas da Cidadela passam nobres das principais monarquias da época, na baía cruzam-se as grandes esquadras da Europa, erguem-se, rodeadas de parques, luxuosas moradias.
Cascais rasgou novos bairros, acolheu, perdido o fausto de outrora. novas gentes. Mas a praia, hoje já não se semeei de barcos como outrora, e na claridade da manhã já não se ouvem os gritos compassados do recolher das redes.
*NELSON FERNANDES recorda em Cascais24Horas duas vezes por semana factos e curiosidades que marcaram outrora Cascais e fazem parte da história de esta vila de reis e pescadores.
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