Notícia publicada às 23h16
Bombeiro da corporação do Estoril, que integrou a Força Especial Conjunta (FOCON) enviada para o arquipélago da Madeira para ajudar no combate aos incêndios que cobriram de negro mais de 5 mil hectares de serras e lavraram durante cerca de 14 dias, levando o pânico a muitas centenas de pessoas, André Oliveira, 39 anos, agora que regressou de uma missão recheada de perigos relata, em exclusivo, a Cascais24Horas, as dificuldades, as condições perigosas no terreno e o espírito de equipa vividos em 7 dias entre os membros do contingente enviado do Continente.
“Fui convidado no dia 21 de agosto a integrar a FOCON (Força Operacional Conjunta) que tinha como objetivo reforçar os meios mobilizados para combater os incêndios na Região Autónoma da Madeira que era uma realidade na ilha desde o dia 14”, começa, por lembrar, André Oliveira que, “com brevidade preparou o material necessário para a missão, tanto de combate, como EPI e sobrevivência”.
Batismo em voo da Força Aérea
Para André Oliveira a viagem para a Madeira a bordo de um avião da Força Aérea portuguesa foi um batismo de voo
É que, confidenciou, “foi a minha primeira experiência em tal aparelho”.
O embarque registou-se depois de um briefing que teve lugar no Comando Sub-regional de Lisboa, onde teve “oportunidade de conhecer os restantes elementos que iriam integrar a missão”, recorda este operacional dos Bombeiros do Estoril.
Já na Madeira, a força especial foi instalada no Regimento de Guarnição nº 3 do Funchal, “tendo sido providenciada refeição quente e reforço para a noite, numa altura em que todos tínhamos missão atribuída”.
Horas de caminhada em terrenos desconhecidos
André Oliveira recorda que “nessa noite e nos dias seguintes foram realizados combates diretos e indiretos, trabalhos de rescaldo e vigilância ativa em diferentes territórios da ilha, sendo a região de Ponta do Sol a nossa área de atuação mais comum”.
“Estes trabalhos foram efetuados, na maioria das vezes com recurso a ferramentas manuais, que apesar de não ser novidade para a equipa, a mesma estava mais formatada para a utilização de água como principal forma de combate”, explica.
Este operacional dos Bombeiros do Estoril considera “como principais dificuldades” enfrentadas pela força especial “a topografia em que os trabalhos foram realizados, trabalhando-se em declives bastante acentuados e próximos de falésias com centenas de metros na vertical”.
“Difícil foi, também, o acesso aos locais dos incêndios, tendo por vezes que ser feito com horas de caminhada em terrenos desconhecidos mesmo para os locais”, recorda André Oliveira.
“O clima húmido e quente aumentava a dificuldade dos trabalhos e diminuía o conforto nas horas de descanso”, acrescenta.
Fantástico trabalho de equipa
André Oliveira retém durante esta missão no arquipélago da Madeira “experiências fantásticas de trabalho em equipa, esta constituída por 15 elementos bastante motivados e preparados a nível de condição física, assim como a assertividade, capacidade de liderança e espirito motivacional do elemento de comando que nos liderou”.
“Estar 7 dias, 24 horas por dia com os mesmos elementos criou um espírito de equipa e camaradagem único, sendo comum entre ajudas e zelo entre os mesmos, em condições perigosas”, precisou, não sem considerar “bastante enriquecedor trabalhar com outras forças e entidades, como as UEPS da GNR, a Força Especial de Proteção Civil e o INEM, tendo com as mesmas uma sensação de unidade e cooperação por objetivo comum”.
“Ficam amizades fortes, algo que acompanhará certamente em futuras ocorrências em que nos encontraremos”, concluiu este operacional dos Bombeiros do Estoril.
Recorda-se que um outro bombeiro do concelho de Cascais, Fábio Santíssima, da corporação de Carcavelos e São Domingos de Rana, também integrou esta força especial, conforme Cascais24Horas noticiou por ocasião da partida para a Madeira, mas apesar de várias tentativas não foi possível contatar com o mesmo para obter uma declaração sobre a experiência vivida na missão naquele arquipélago.
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