25 de April, 2025
A COMPANHIA DE FERNANDO PESSOA NOS SEUS ÚLTIMOS ANOS DE VIDA
Você Sabia?

A COMPANHIA DE FERNANDO PESSOA NOS SEUS ÚLTIMOS ANOS DE VIDA

Abr 4, 2025

Se é famoso o amor de Fernando Pessoa por Lisboa, menos conhecida é a relação forte que o poeta estabeleceu com a Linha do Estoril, Cascais e, para lá da vila, a costa que se estende até ao Guincho.
A 9 de Outubro de 1929 escrevia em carta à sua amada Ofélia: «Preciso cada vez mais de ir para Cascais…», como se a terra pudesse ser panaceia para uma qualquer maleita que trouxesse na alma.
Fernando Pessoa no Estoril
O seu descanso habitual aos fins de semana incluía uma visita à sua irmã em São João do Estoril, na Rua de Santa Rita nº5, ao pé do Vale com o mesmo nome. É ainda hoje uma zona tranquila e, apesar de próxima da marginal e da linha do comboio, tem um ritmo muito próprio e agradavelmente dolente.
Não se sabe ao certo que pedaços da sua obra poética terá escrito nestas visitas, mas ocupou muito do seu tempo em deambulações pela linha da costa, na presença de algumas das grandes vagas que assaltam estas praias por altura do Inverno. Mesmo quando não é explicita, a presença da espuma das ondas que vão daqui até ao Guincho, é por demais clara numa série de poemas com o mar como referencial.

Do Vale de Santa Rita até à Praia da Poça não são mais do que cinco minutos a pé, pelo túnel que passa debaixo da linha do comboio, um percurso semelhante aquele que Pessoa terá feito muitas vezes. Ao longo dos anos, esta pequena praia foi tão fustigada pelas intempéries que poucos vestígios guarda dessa altura, mas sabemos que o escritor fez aqui uma extensa reportagem sobre a colónia infantil Mcfadden, situada no mesmo local, e uma narrativa ficcional sobre uma “Casa de Saúde de Cascais“.

À procura do sossego e isolamento em Cascais
A relação com a região só iria aprofundar-se nos anos seguintes e é em Cascais que continuará a procurar sossego e isolamento, agora com morada provisória na Rua Oriental do Passeio, nº2. Candidata-se em 1932 ao lugar de Conservador do Museu-Biblioteca Condes de Castro Guimarães, mas perde a posição para Carlos Bonvalot brilhante pintor que morreria apenas dois anos depois.
O Museu ainda está de pé e é um dos pontos nevrálgicos da cultura cascalense, na agradável companhia do Parque Marechal Carmona e da Praia de Santa Marta, dois locais que o poeta inevitavelmente visitou também. A publicação de Mensagem, em 1934, está inevitavelmente ligada a estes últimos anos da sua vida, passados nesta forte presença do mar.
Se vier até à Boca do Inferno para beber as palavras do autor de “Mensagem”, recomendo que venha até Cascais através da Marginal , o clássico trajeto que é por vezes comparado à Riviera Francesa.
E sabia que Fernando Pessoa é “apenas” um dos muitos autores que escolheram Cascais para viver?

*NELSON FERNANDES recorda em Cascais24Horas duas vezes por semana factos e curiosidades que marcaram outrora Cascais e fazem parte da história de esta vila de reis e pescadores.

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