27 de June, 2025

Um texto comum, até prosaico, mas que, de tão trivial, até dará que pensar.

Cascais é uma aldeia, entenda-se, no bom sentido da expressão. Só não o sabem aqueles que, por razões deles, só vêm a Cascais dormir. Isso cria obviamente uma divisão em dois grupos, entre os que vivem e desenvolvem alguma atividade localmente e os que habitam, mas mantém o alheamento ao que se passa.

Poderemos dizer que é uma versão simplista da realidade já que haverá situações, diga-se, mistas, ou seja, em que não se trata só de dormir, mas algo mais de envolvimento em atividades locais.

Entre uns e outros há sempre instituições e entidades locais desejosas de envolver uns e outros na suas funções e atividades. Ora pela importância que algumas dessas personagens têm na vida social, na empresarial ou em qualquer outro setor de atividade. Ora pela militância e esforço desenvolvido por outras na defesa de causas e projetos. Uns e outros potenciais apoiantes e interventores nas dinâmicas locais.

Digam de sua justiça as muitas associações sociais, culturais e desportivos do concelho sobre o êxito das suas abordagens perante as ditas personagens. Investidas muitas vezes goradas, mercê de respostas negativas justificadas, maioritariamente, pela falta de tempo ou por mero desinteresse.

Felizmente, ao longo do concelho há muitas instituições que vivem da disponibilidade e da carolice de muitos e com missões muito diversificadas, nomeadamente, apoio a deficientes, apoio alimentar, centro de dia e apoio domiciliário, atividades letivas complementares, formação de jovens para diferentes modalidades desportivas e muitas outras áreas.

Ouvimos dizer com frequência que há pessoas que só pensam disponibilizar-se para ajudar depois de alcançada a reforma. É meritório, mas na maior parte dos casos isso não chega a acontecer.

A verdade é que muitos dos dirigentes voluntários das instituições mantém a sua atividade profissional e é nos intervalos do que ela permita que não deixam de ajudar e intervir.

A esses todos cabe saudar o que já fizeram e continuam a fazer nas coletividades, nas diferentes associações, até em grupos mais informais, com a vontade de fazer bem e o melhor pela terra e pelas suas gentes.

A realidade diz-nos até que são os que se desdobram em muitas atividades, nomeadamente profissionais, com tempo bem preenchido, que, mesmo assim, também arranjam tempo para o resto.

Tudo isto será alheio aos que encaram essa realidade, essas necessidades da comunidade, com indiferença ou desinteresse ou até com a desculpa de que cabe ao Estado e não a eles prover e responder a essas necessidades.

Volta e meia, a cada período eleitoral surge o sufrágio saudado como momento de balanço e de exame ao que foi feito e se pensa fazer.

Nesse processo deixemo-nos de sebastianismos, messianismos ou sentimentalismo por parte de quem entende ter sido especialmente inspirado para se apresentar. Deixem-se de ideias vagas e passem ao concreto.

Não está em causa o direito de cada um à opinião, sobre o que for, mas poupem-nos ao essencial. É bom que todos falem e opinem. Mas é bom que os discursos não fiquem a meio, nomeadamente, sobre o que cada um quis fazer e não fez, o que cada está a fazer ou não ou, ainda sobre o que cada pensa fazer e como.

Mas deixemo-nos das ociosidades opinativas que, porventura, deleitam as redes sociais, mas que de concreto pouco ou nada dizem e que para pouco e nada contribuem. São fogo fátuo e isso tem um significado próprio. E por ora por aqui me fico.

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