19 de November, 2024
RUA DIREITA trocou as lojas de qualidade pelas de souvenirs com ocupação da via pública
Fala Cascais

RUA DIREITA trocou as lojas de qualidade pelas de souvenirs com ocupação da via pública

Abr 29, 2024
Publicado às 15h50

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Leitor: JOÃO AGUIAR

Segunda Carta Aberta ao Presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, ainda relativa à falta de projeto e visão para o Concelho de Cascais e interpretação da missiva anterior

Exmº Sr. Presidente

Em resposta às apreciações feitas por V. Exª à Carta Aberta, por nós enviada, na sequência do encerramento da Galera, não podemos deixar de manifestar o nosso descontentamento face à ligeireza com que o Sr. Presidente abordou o assunto em reunião de câmara.

A Galera não é um estabelecimento “tão histórico” como isso.

Não, de facto, as primeiras lojas do género, que marcaram o panorama da Rua Direita foram a Casa Tomás – onde o meu pai trabalhou – e a Charlot, ambas desaparecidas. Nenhuma delas esteve aberta durante 49 anos, como a Galera.

A Galera não é, portanto, um estabelecimento “histórico”. Mas ao longo deste quase meio século esteve envolvida na vida desta Vila como poucas instituições, com o apoio a coletividades e atividades desportivas, masculinas e femininas, em várias modalidades e categorias, desde o futebol (Estoril Praia/Torre), andebol, hóquei em patins… Jogos sem Fronteiras (realizados na antiga Praça de Touros, transmitidos para toda a Europa).

Já para não falarmos dos quatro Carnavais da Vila por nós organizados.

A Galera foi sempre uma loja próxima e presente para os cascalenses.

Causa-nos estranheza e até nos magoa, a forma como o Sr. Presidente minimiza o nosso percurso e arranja explicações para o encerramento. “Não se atualizou”, diz o Senhor.

De facto, a nós, não nos parece que seja a pessoa indicada para avaliar e comentar a gestão de um estabelecimento comercial cujo percurso ignora, mas pelos vistos ouviu falar, num segmento (Moda) tão significativo para qualquer vila ou cidade. 

A loja sempre teve brio e brilho. Montras ao mais alto nível. Os clientes comentavam que as montras se encontravam ao nível das de Milão ou Paris.

A Galera sempre acompanhou as tendências, sempre apresentou grandes marcas, sempre foi pioneira na descoberta do melhor.

Nos últimos anos comercializámos “Brioni”, “Loro Piana” (por medida), “Moreschi”, “Emporio Armani“/ “Paul & Shark”, “Grupo Bestseller” e grupo “LVMH” e muito mais.

Não modernizámos? Como se pode conviver, neste segmento, com lojas vizinhas de “souvenirs” com banca à porta e artigos ocupando a via pública?

A Polícia Municipal não atua? A CMC não atua? Como o Sr. Presidente diz, e bem, não interfere no que se passa dentro de portas nos estabelecimentos. Mas no que respeita ao domínio público deve atuar, mas tal não se verifica. Este é o nível comercial que o Sr. pretende para Cascais?

Temos sido muito afetados com este panorama. É lógico que os clientes se vão afastando, com a acumulação excessiva das tais lojas de “souvenirs”.

O diretor da empresa do grupo Armani ficou horrorizado com o panorama da Rua Direita, quando visitou a nossa loja, em 2023, e quis falar com o Sr. Presidente… sem sucesso. Com este cenário, estas marcas deixaram de comercializar os seus artigos, por considerarem o ambiente local descaracterizado e pouco apropriado à comercialização de marcas de qualidade.

Fomos prejudicados sim e a CMC terá de ser responsabilizada por não fazer cumprir com as devidas normas de ocupação de via pública. Tal como deverá ser responsabilizada por nada ter feito para reabilitar um espaço nobre e emblemático da Vila de Cascais.

Nada mesmo.

Os vasos que animam a Rua Direita foram lá colocados, por mim e pelo meu pai… há mais de 30 anos, com a devida autorização da CMC.

Os vasos são os mesmos… não se modernizaram, não se modernizaram.

Registámos ainda o seu inoportuno comentário, “despistando” o foco dos problemas, a propósito das Galerias Glória, que estão fechadas. Decerto o Sr. Presidente fala sem conhecimento.

As Galerias foram vendidas a um fundo há mais de 20 anos. Um ótimo negócio aliás.

Um dos motivos porque não inaugurámos as Galerias foi por a Rua Direita não ter, à altura, capacidade energética para abastecer as 18 lojas. Veja como está o estado da Rua, ainda hoje, no limite da sua capacidade. Seria necessário colocar um posto de transformação algures. E, na altura não estávamos dispostos a essa despesa.

O Sr. Presidente sugere ainda que estas chamadas de atenção não são mais que um ataque político. Acha mesmo que tudo tem a ver com clientelas e umbigos políticos? E clientelas partidárias?

Sou nascido em Cascais. Amo a minha terra. Trabalhei desde muito jovem em Cascais, sem tempo de ir à praia ou jogar à bola. Comecei a ter responsabilidades muito cedo. O que vejo e revejo, nesta minha terra, é uma constante descaraterização da Vila, os desequilíbrios que se acentuam no que à mobilidade dizem respeito, falta de estratégia e boas práticas na gestão pública.

O único parque de estacionamento com alguma capacidade é o da Estação. Nos meses de verão espera-se, em média, 15 a 25 minutos para se entrar. Como verificamos, cada vez há mais carros, mais condomínios, mais pessoas e os estacionamentos são os mesmos há duas décadas. Lá estão os desequilíbrios e a falta de critério na gestão pública.

O descontentamento é generalizado, as construções são o eixo central em torno do qual orbita Cascais. Não se construiu um parque de estacionamento na proporção do número de viaturas dos que aqui residem e dos que nos visitam (sugestão: no subsolo frente à cidadela, grande parque com ligação ao parque da Marina). Não se pode olhar apenas para cima, mas também para baixo.

Melhores cumprimentos

JOÃO AGUIAR

1 Comment

  • Está cheio de razão João Aguiar.
    Um terço da largura da Rua Direita é ocupado por bancas e mostruários dessas lojas a que chamo de bugigangas as quais na maior parte do ano estão às moscas. Só no Verão se vêem turistas a entrar nelas.
    É uma vergonha que desqualifica totalmente essa artéria. Falta saber quanto pagam de IVA às Finanças.

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