
RIGOR

OPINIÃO | VASCO PRADA
Quando falamos de rigor referimo-nos sempre à qualidade de quem age com precisão, exatidão e firmeza, independentemente que seja na aplicação de regras, na execução de tarefas ou na análise de informações.
Num ambiente social ou profissional, o rigor pode manifestar-se como severidade ou inflexibilidade, especialmente quando as normas são seguidas de forma estrita, sem margem para adaptações.
A palavra rigor carrega assim uma ideia de firmeza e exatidão, no entanto pode ser uma virtude ou um obstáculo, dependendo do contexto e da medida com que se aplica.
Fazendo esta pequena análise àquilo que engloba o conceito de rigor, devemos agora proceder a uma análise rigorosa ao rigor proclamado numa das últimas assembleias municipais.
Façamos ou não a análise dos últimos 24 anos ou dos últimos 12 anos o resultado é exatamente o mesmo, afinal somos rigorosos!
Naquilo que foi a habitação tivemos de esperar até ao final do ano passado para termos uma estratégia municipal de habitação, no entanto até lá milhares de famílias e jovens viram o acesso a uma habitação negado, visto que o acesso a uma habitação acessível à classe media em Cascais é bastante limitado, problema que subsistisse e que apenas some para quem tem carteiras avultadas.
A isto podemos juntar um contraste caricato da perda de espaços verdes essências numa altura que o aumento da temperatura deixo de ser uma ameaça para ser uma realidade, aliada uma construção descontrolada que pouco se justifica com as necessidades reais do concelho.
Devemos ser também rigorosos ao analisar as tentativas anuais de recriar Veneza no nosso concelho, sejamos justos, trata-se de inundações que recorrentemente afetam a nossa baía, Trajouce e mais recentemente a freguesia de Carcavelos e Parede, certamente nada disto poderá interligar-se à falta de acompanhamento e melhoria do escoamento das nossas ribeiras e do saneamento básico.
No entanto é de parabenizar que passados este tempo todo, lá se lembraram da ribeira das Vinhas no último ano, agora as restantes têm de esperar mais 12 ou 24 anos… mas que consequências pode ter isto? Há quem diga que possa estar relacionado com a contaminação anual das águas balneares da costa de Cascais, mas sinceramente percebo pouco disso.
Na saúde vemos que são necessárias soluções reais e menos marketing afinal continuamos com milhares de cascalenses sem médico de família e creio que não é o anúncio de novos centros de saúde que vai resolver isso, pelo menos enquanto não houver mais profissionais de saúde na área.
Neste tópico talvez junte uma questão, porque continuamos a forçar as cooperativas de bombeiros a lutar entre si em orçamentos participativos por ambulâncias e carros de combate a incêndios, quando temos excedentes orçamentais de milhões de euros todos os anos? Certamente poderá não ser uma competência da câmara talvez, mas sinceramente eu preferia que todas tivessem acesso a uma ambulância nova em vez de ter que ponderar quais das cooperativas merece mais um bem que é essencial existir ao serviço da população.
Na mobilidade efetivamente temos passes gratuitos, mas que de pouco nos servem se moramos no interior do concelho onde os poucos autocarros que passam com sorte passam de hora a hora… e ainda queriam gerir a linha de Cascais….
Falemos da transparência, não é que esteja em causa a honra e a idoneidade de quem governa, no entanto são mais os casos que aparecem na comunicação social e que embora possam não ser veredictos mancham a imagem do nosso concelho, mas medidas para combater essas precações nem vê-las.
Por fim concordo com aquilo que nessa segunda-feira foi dito, podemos efetivamente não concordar com as soluções propostas por outros, no entanto se estamos a governar devemos apresentar soluções e não esperar pelos anos de eleições para resolver meia dúzia dos problemas do concelho, pois nessa situação levamos a que o rigor seja uma limitação.
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