
OPERAÇÃO da GNR acaba com falsos peditórios em nome dos bombeiros em Cascais e no País

Investigadores criminais da GNR de Viseu terão posto fim à atividade de 20 anos de um grupo que, um pouco por todo o País, incluindo Cascais, efetuava peditórios em nome dos corpos de bombeiros, recorrendo ao uso de fardamento igual aos dos “Soldados da Paz”, embora nas costas dos coletes vermelhos ostentassem a sigla “veteranos de guerra”.
A operação envolveu 68 militares e contou com o reforço da estrutura de Investigação Criminal e da valência territorial dos Comandos de Lisboa, Leiria e Braga e da Direção de Investigação Criminal (DIC) da GNR, sediada em Alcabideche (Cascais).
No final da operação à qual foi dado o nome “The Scheme”, vulgo “O Esquema”, foram constituídos arguidos oito homens, com idades entre os 24 e os 65 anos e duas pessoas coletivas pelos crimes de burla, branqueamento de capitais e associação criminosa em todo o território nacional.
A investigação decorria desde 2020, tendo os investigadores do NIC de Viseu apurado que os suspeitos atuavam em rede, de forma altamente móvel, e que recorriam a diversos métodos fraudulentos, fazendo-se passar por instituições/entidades de solidariedade reconhecidas, abordando cidadãos em locais de grande afluência, a fim de angariar dinheiro indevidamente.
Os investigadores da GNR realizaram 20 buscas, 13 domiciliárias e 7 em veículos, em Moimenta da Beira, Braga e Pombal e na Área Metropolitana de Lisboa no Magoito, Agualva-Cacém e Queluz, no concelho de Sintra, e, ainda, nos concelhos de Amadora e Loures, tendo sido possível apreender diversos materiais e equipamentos, entre os quais dezenas de artigos de vestuário e, entre outros, quase 28 mil euros em dinheiro.
A GNR suspeita que as alegadas burlas poderão contar com a cobertura da Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra, sediada em Braga, e que foi alvo de buscas. Esta instituição de solidariedade social receberia, segundo os investigadores, uma percentagem dos lucros obtidos com os peditórios.
ESQUEMA
Em regra, um grupo de três ou quatro indivíduos com farda igual à dos bombeiros colocava-se junto a semáforos, cruzamentos ou rotundas de diferentes localidades e abordava os automobilistas ou transeuntes vendendo rifas.
Confundiam-se facilmente com os “Soldados da Paz” e pediam um donativo para a compra de uma ambulância para a corporação local. Esta, porém, nada sabia do que estava a acontecer e nunca recebia qualquer verba, até porque os corpos de bombeiros não fazem quaisquer peditórios do género.
Normalmente, o grupo abandonava os locais com as quantias angariadas durante várias horas e caso as forças de segurança fossem alertadas para o falso peditório, argumentavam estar a vender bilhetes para um sorteio promovido pela Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra e devidamente autorizado pelo Ministério da Administração Interna (MAI).
DENÚNCIAS
A presença de estes indivíduos no concelho de Cascais era frequente, levando, por diversas vezes, os corpos de Bombeiros a lançarem alertas para as alegadas burlas.
O último alerta foi dado há alguns dias pelos Bombeiros de Cascais para um grupo de indivíduos, aparentemente da Associação de Veteranos de Guerra, que estariam a fazer um peditório para uma ambulância em nome dos Bombeiros de Cascais, na rotunda junto ao Mc Donalds de Birre.
A direção dos Bombeiros de Cascais formalizou queixa junto da Divisão Policial de Cascais.
Já anteriormente, no Estoril, a corporação local tinha apresentado queixa contra indivíduos que estavam a fazer um falso peditório em nome do Corpo de Bombeiros. Estes terão mesmo chegado a abordar um dos elementos do Comando, que trajava à civil, afirmando tratar-se de um peditório para uma ambulância.
Entretanto, o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, António Nunes, reafirmou que há vários anos que são feitas queixas, quer junto das autoridades policiais devido a falsos peditórios em nome de associações humanitárias de bombeiros, quer do próprio Ministério da Administração Interna.
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Já não era sem tempo!!!