NOS 51 ANOS DO 25 DE ABRIL
NÓS QUE FOMOS OS DESCARTÁVEIS, SOMOS AGORA A ‘PESTE GRISALHA’
Os valores que defendemos nunca se enquadraram nesta política de desculpabilização do nepotismo, do compadrio, da trapalhice e da corrupção, que aliás já ninguém encobre. Desgraçadamente, são as próprias instituições de decisão política que a defendem e até valorizam, bem como aqueles que acima de tudo deveriam ser o garante da legalidade e da justiça – os juízes.
Fomos obrigados a participar numa guerra com a qual não concordávamos, resistimos a uma ditadura violenta, fomos presos, fomos torturados. Começámos a trabalhar, muitos de nós ainda meninos, mas vislumbrámos um mundo melhor no 25 DE ABRIL DE 1974.
Na REVOLUÇÃO DOS CRAVOS fomos brandos com os apaniguados do regime deposto, e o sangue derramado foi o nosso.
Fomos tolerantes e, na democracia que conquistámos, pagámos todas as crises e acabámos discriminados e ostracizados por não concordarmos com as políticas vigentes com que, obedientemente, os sucessivos governantes encaminharam (encaminham) o País para o abismo.
Fomos excluídos (eventualmente) por não sermos bem sucedidos, numa sociedade em que se privilegia a subserviência e o poder do dinheiro conseguido sem olhar a meios.
Fomos despojados de direitos laborais e esmagados a nível profissional e pessoal.
Até fomos trabalhadores sem salário!
Reprimidos, perseguidos e discriminados no tempo da ‘outra senhora’, continuamos a sê-lo no tempo ‘desta senhora’, ao sermos atirados sem critério e sem dignidade para o desemprego, para os disponíveis, para os excedentes, para o trabalho precário, para as reformas antecipadas.
Mas, Viva SEMPRE o 25 de Abril.
E sobretudo, Viva um qualquer dia 25, de um qualquer mês de Abril, de uma qualquer década deste século.
Esta ainda, se for possível!
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