MINISTRA da Saúde vai decidir futuro de António Capucho no PSD

CASCAIS- Pela segunda vez, o histórico do PPD/PSD António Capucho corre o risco de ver cessada a sua inscrição do partido que ajudou a fundar, por alegada violação dos estatutos, no caso por apoiar nas últimas autárquicas João Maria Jonet à Câmara de Cascais, cabendo, no entanto, a decisão final ao Conselho de Jurisdição do partido, liderado pela atual ministra da Saúde, Ana Paula Martins, apurou Cascais24Horas.

Numa primeira fase, a decisão de cessar a inscrição de António Capucho foi tomada por unanimidade pela Concelhia do PSD de Cascais, a 22 de outubro último, com o envio da deliberação ao Conselho de Jurisdição do partido.

Em declarações a Cascais24Horas, Gonçalo Lage, Vice-presidente da Concelhia de Cascais, afirmou que “a decisão do PSD de Cascais foi tomada tendo por base os estatutos que dizem, no artigo 9.º, número 4, que “cessa a inscrição no Partido os militantes que se apresentem em qualquer ato eleitoral nacional, regional ou local na qualidade de candidatos, mandatários ou apoiantes de candidatura adversária da candidatura apresentada pelo PPD/PSD”.

“Não existem quaisquer dúvidas de que o dr. António Capucho apoiou publicamente o candidato que não é do PSD nas autárquicas, além de que proferiu afirmações, também públicas, que punham em causa a candidatura liderada por Nuno Piteira Lopes”.

Não é a primeira vez que o histórico social-democrata e antigo Presidente da Câmara de Cascais está a braços com processos internos.

Em 2013, quando Pedro Passos Coelho era líder do PSD, António Capucho candidatou-se à presidência da Assembleia Municipal de Sintra na candidatura independente de Marco Almeida, à época adversária da candidatura do PSD. O partido decidiu, então, expulsar o fundador do PSD que acabaria por regressar à militância com Rui Rio em 2019. Marco Almeida foi eleito nas autárquicas de 12 de outubro Presidente da Câmara de Sintra, mas desta vez sem que António Capucho fosse visto ou achado.

Já antes, nas primeiras eleições de Rui Moreira para a Câmara Municipal do Porto, apoiou o antigo autarca contra a candidatura do PSD encabeçada por Luís Filipe Menezes, mas não foi sancionado pelo conselho de jurisdição nacional do partido.

Silêncio, por enquanto

Por enquanto, António Capucho mantêm-se em silêncio.

Em declarações a Cascais24Horas, António Capucho  afirmou que “não foi ouvido pelo PSD de Cascais”, que, segundo ele, “nem teve a amabilidade de remeter uma cópia da denúncia”.

“Só vou reagir depois de conhecer os termos de tal documento e aproveito para esclarecer que nunca fui expulso”, pois, o que aconteceu com a candidatura de Marco Almeida, em 2013, foi “a cessação da inscrição” do partido, figura jurídica distinta de expulsão”, explicou António Capucho ao Cascais24Horas.

Jonet reage

João Maria Jonet, ex-PSD, candidato independente à Câmara de Cascais apoiado, entre outros, por António Capucho e que conseguiu eleger dois vereadores lamentou, em declarações a Cascais24Horas, o que está a acontecer com o histórico social-democrata.

“Há, neste momento, uma falta de pluralidade interna e de respeito pelos estatutos” no PSD”, afirmou Jonet, segundo o qual “o partido está podre e não tem abertura para os debates de opinião e de ideias”.

“Aguardo com expetativa o desfecho do caso que envolve o histórico social-democrata, que apoiou a minha candidatura” nas eleições de 12 de outubro, concluiu Jonet, não sem sublinhar que “conhece os estatutos” do partido e que “a ir por aí outros nomes certamente deveriam cessar a sua inscrição, como, por exemplo, alguns subscritores da minha candidatura”.