MÁFIA do meixão instala-se em Cascais
Por Redação | 17h27
Suspeitos de integrarem a mafia do meixão usariam uma propriedade, no Bairro da Martinha, Pau Gordo, Alcabideche, para servir de viveiro à enguia europeia, anguilla anguilla, que é traficada para países asiáticos num negócio bilionário dirigido e controlado maioritariamente por cidadãos asiáticos, apurou Cascais24Horas.
Uma megaoperação lançada esta quinta-feira contra o tráfico internacional de meixão pela Unidade Central de Investigação Criminal (UCIC) da Polícia Marítima, passou por buscas naquela propriedade.
Nesta megaoperação, que decorreu também nos concelhos de Benavente, Salvaterra de Magos e Vila Franca de Xira e visou o combate às redes criminosas associadas à captura ilícita, comércio e tráfico internacional de meixão – espécies marinhas protegidas (enguia europeia, anguilla anguilla), foram detidas três pessoas, constituídas arguidas outras 7 e confiscados cerca de 5 milhões de euros em meixão vivo e congelado, bem como quatro viaturas, cerca de 4.000 euros em dinheiro, diversas armas de fogo e armas brancas, apetrechos de pesca, material de acondicionamento, malas de viagem, tanques e material de oxigenação, vários documentos e provas digitais e produto estupefaciente, entre cocaína e cannabis.
Na operação, durante a qual foram executados 26 mandados de busca e de apreensão, participaram efetivos dos Comandos Regionais e locais da Polícia Marítima, entre os quais agentes da PM de Cascais, o Grupo de Ações Táticas (GAT) da Polícia Marítima, da PSP, da GNR e do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
Já anteriormente, no decurso da mesma investigação, que decorria há dois anos, tinham sido detidos 21 indivíduos de várias nacionalidades e confiscados cerca de 420kg de meixão, na fase de transporte por via aérea, e outros 293kg durante o transporte por via terreste.
Recorda-se que a enguia europeia (espécie anguilla anguilla), cujo termo “meixão” designa o seu estado final da fase larvar, consta como espécie protegida na Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies de Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES), podendo a sua captura ser considerada crime de “danos contra a natureza”.
De acordo com a EUROPOL, um quilograma desta espécie protegida equivale a um valor monetário de cerca de 6.500€/kg. O tráfico tem por destino principal países asiáticos.
Só entre outubro de 2022 e junho do ano passado, operações coordenadas pela Europol contra as máfias do meixão, dirigidas e controladas sobretudo por asiáticos, levou à detenção de 256 pessoas, entre elas portugueses, responsáveis pelo tráfico de 25 toneladas de meixão vivo no valor de cerca de 13 milhões de euros.