MÃE e filha com ordem de despejo em apelo dramático: “Ajudem-nos por favor!”
Por Valdemar Pinheiro | 20h43
“Ajudem-nos por favor!”. O apelo desesperado e dramático é de mãe e filha, com ordem de despejo do sótão onde vivem, em Matarraque, agendado para esta quinta-feira, de manhã.
Guadalupe Bento, 60 anos, que trabalha há cerca de 30 como assistente operacional na Santa Casa da Misericórdia e, ultimamente, no hospital de Alcoitão, habita há dez anos com a filha, atualmente com 22 anos e problemas cognitivos, o imóvel na rua Carvalho Araújo.
Em declarações a Cascais24Horas, Guadalupe Bento afirmou que a ação de despejo foi interposta oficialmente pela senhoria, idosa, de 95 anos, que vive num lar, na freguesia de São Domingos de Rana, embora por “detrás da mesma possa estar uma familiar, que contratou para o efeito os serviços de dois advogados da Parede”.
“Nunca faltei com o pagamento da renda, cerca de 173 euros mensais e nunca contestei a ação porque nunca rececionei qualquer notificação judicial que, a ter sido enviada, o que não ponho em causa naturalmente, só pode ter sido alegadamente desviada por alguém”, acrescentou.
No dia 8 de este mês, Guadalupe Bento recebeu uma carta dos advogados da senhoria, a informar que esta quinta-feira, dia 16, pelas 11h00, deve proceder à desocupação do imóvel e entrega das chaves.
Cascais24Horas procurou, mas sem sucesso, contatar esta quarta-feira, ao final da tarde, o escritório partilhado na Parede pelos advogados Arménio Pereira e Lurdes Reis, mas o número disponível passou para sinal de fax.
“Eu e a minha filha não temos para onde ir viver, a menos que, à semelhança de outras pessoas que o têm feito em Cascais e não são de cá, passemos a viver algures na rua, numa tenda”, concluiu em verdadeiro desespero.
“Estou no meu limite…Vou estar de serviço noturno até de manhã e quando for para o meu único teto, para descansar, vou ter de enfrentar a saída para a rua”, concluiu, visivelmente emocionada.
Guadalupe Bento é, no entanto, um dos muitos munícipes de Cascais que ainda aguarda a atribuição de habitação social à qual candidatou-se em 2017, sem que até ao momento conheça o estado do processo.