CAPUCHO ainda não decidiu quem vai apoiar à Câmara de Cascais embora “reconheça em Piteira Lopes qualidades para o cargo”

Nome incontornável na história do PPD/PSD desde 1974, o antigo presidente da Câmara de Cascais, António Capucho, disse, a Cascais24Horas, que “até ao momento não declarou o apoio a qualquer candidatura” às próximas autárquicas, em Cascais, embora não tenha negado existirem desde dezembro último contactos com Nuno Piteira Lopes, o atual vice-presidente do executivo, que concorre como cabeça de lista pela coligação Viva Cascais e ao qual reconhece “qualidades exigíveis para o cargo”.

Em declarações a Cascais24Horas, António Capucho afastou também e até agora qualquer apoio ao independente João Maria Jonet do qual diz ser “amigo pessoal”, embora tenha estado presente no lançamento da sua candidatura.

E explicou: “Sendo amigo pessoal de J.M.Jonet e do candidato da IL, para além de os considerar próximos dos meus propósitos para o Concelho, resolvi assistir ao lançamento das respectivas candidaturas”, mas “como se realizaram à mesma hora do mesmo dia, só assisti à primeira”.

António Capucho esclareceu, no entanto, que “a minha presença no evento não pode ser considerada como apoio à candidatura em causa” e acrescentou que “quando e se decidir apoiar uma candidatura, não deixarei de o explicitar de forma inequívoca”.

“O meu apoio depende de correções na estratégia do atual executivo”

António Capucho revelou, ainda, a Cascais24Horas, que “em Dezembro passado Nuno Piteira em contacto pessoal solicitou-me o apoio à sua candidatura. Respondi que pessoalmente me merece toda a confiança e que lhe reconheço qualidades exigíveis para o cargo, mas que discordava radicalmente de vários aspectos da gestão desta Câmara, especialmente no que toca à proliferação de habitação de gama muito alta, beneficiando de índices extremamente generosos”.

“Consequentemente, fiz depender o meu apoio de várias correções da estratégia do actual executivo, a figurar no programa eleitoral, o que constou de um documento que enviei ao candidato em Janeiro”, adiantou, a Cascais24Horas, António Capucho, segundo o qual “no seguimento desta situação voltei a receber, desta vez por escrito, uma solicitação de apoio, pelo que reincidi na remessa das condições para o efeito”.

“Aguardo tranquilamente o desenvolvimento deste processo. Até ao final deste mês a minha posição será divulgada”, prometeu António Capucho.

“Há mais candidaturas no espectro político”

Questionado por Cascais24Horas sobre se estava a refletir entre o apoio a Nuno Piteira Lopes ou a  João Maria Jonet, António Capucho fez questão de deixar claro que “não está a refletir” e adiantou que “há mais candidaturas credíveis do centro do espectro político”.

“Como já conheço todos os candidatos, estou sim à espera dos programas e também das listas para decidir o meu voto”, sublinhou o antigo presidente do executivo de Cascais.

“Para mim, o essencial é saber quem tem as ideias mais próximas daquilo que defendo para a minha terra”, salientou António Capucho.

O que defende Capucho para o futuro de Cascais

Depois de deixar explícito que “não sou candidato a nada, nem tenho qualquer posição nos órgãos partidários”, António Capucho revelou, a Cascais24Horas, quais as três áreas e temas que considera essenciais para o futuro de Cascais.

O primeiro é “rever drasticamente os parâmetros do PDM, que têm favorecido a construção de moradias, prédios e condomínios de luxo, com volumetrias exorbitantes e ocupação excessiva dos terrenos, parte dos quais com elevado valor paisagístico e ambiental; represtinar o catálogo-inventário do património arquitetónico a proteger e que ainda sobrevive, e promover a construção de habitação acessível à classe média e aos mais desfavorecidos”.

“Abortar a prevista expansão do aeródromo e cancelar a transferência de mais jatos executivos da Portela para Tires enquanto não for elaborado um Estudo de Impacto Ambiental e respeitadas as suas orientações, com foco em questões como a poluição sonora, atmosférica e análise mapeada do risco estatístico de acidente”, constitui outra área de preocupação manifestada por António Capucho.

Finalmente, em declarações a Cascais24Horas, António Capucho defende a necessidade de “analisar por consultor externo credenciado a possível extinção das empresas municipais”, opção que “defende”, mas que, salvaguarda, “deve ser aprofundada, integrando as respetivas competências e colaboradores na Câmara, com excepção da Cascais Ambiente no sector dos resíduos sólidos urbanos”.