26 de April, 2025
A CASA QUE FOI DA ESCRITORA MARIA AMÁLIA VAZ DE CARVALHO
Atualidade Você Sabia?

A CASA QUE FOI DA ESCRITORA MARIA AMÁLIA VAZ DE CARVALHO

Abr 7, 2025

É talvez a mais impactante riqueza patrimonial da vila de Cascais, o conjunto de casas, chalés e outras edificações construídas na transição do século XVIII para o XX e a que se dá em geral a designação de Arquitectura de Veraneio.
Não creio que tenhamos voltado a conhecer algo de semelhante na qualidade, na quantidade e na harmonia com a paisagem. E é pena que, aos poucos, esse património vá sendo delapidado com novos arranjos, anexos e reconstruções sem grande sentido.
O edifício que vos mostro neste belíssimo postal ilustrado da Tabacaria Costa, não circulado mas produzido ainda antes da Reforma Postal Internacional de 1904, era habitualmente designado por “Casa de Maria Amália Vaz de Carvalho”. Hoje, é o Hotel Villa Albatroz.
Poderá não ser dos exemplares mais brilhantes deste tipo de arquitectura, mas os maus tratos que, como tantos outros, sofreu para ser adaptado à utilização turística, retiraram-lhe o equilíbrio e a simplicidade formal que possuía.
Felizmente, temos estas imagens de antigamente. A casa foi mandada edificar pelos terceiros Duques de Palmela em 1903, e recebeu a designação de Vila D. Pedro. Mais tarde, foi oferecida a Maria Amália Vaz de Carvalho, em reconhecimento por ter escrito uma brilhante biografia de D. Pedro de Sousa Holstein, primeiro Duque de Palmela.

Tal como sucedia com a casa que possuía em Lisboa, também aqui recebia frequentemente alguns dos maiores vultos literários do seu tempo, como Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco, Antero de Quental ou Ramalho Ortigão, além do poeta parnasiano Gonçalves Crespo, com quem se casou. Maria Amália Vaz de Carvalho foi, inclusive, a primeira mulher portuguesa a ser admitida na Academia das Ciências.
Por aqui passou também um conhecido académico inglês, Edgar Prestage, professor de Português na Universidade de Londres, divulgador de Camões e outras figuras da cultura portuguesa, e que casaria com a filha de Maria Amália Vaz de Carvalho.
Esta sua íntima ligação à vida literária está expressa numa carta do Verão de 1900, onde relatou: “Foi há poucos dias que eu recebi aqui em Cascais, na pequena casa à beira do Oceano, em que escrevo estas linhas, a súbita notícia da morte de Eça de Queirós. Tinha chegado um telegrama com a nova fatal, e por acaso fui eu das primeiras pessoas a sabê-la. Como exprimir a pena profunda, a mágoa sem nome, que a minha alma sentiu?”

*NELSON FERNANDES recorda em Cascais24Horas duas vezes por semana factos e curiosidades que marcaram outrora Cascais e fazem parte da história de esta vila de reis e pescadores.

Clique aqui para ler OutrosTEMAShttps://cascais24horas.pt/category/voce-sabia

Deixe o seu Comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *