ADIADO despejo de mãe e filha em Matarraque
Por Valdemar Pinheiro | 16h23
Foi visivelmente emocionada, a chorar de alegria a abraçar duas amigas solidárias, que Guadalupe Bento recebeu, através do diretor de Cascais24Horas, a notícia de que o despejo anunciado para esta quinta-feira, pelas 11h00, tinha sido adiado.
“Prevaleceu o humanismo”, comentou, a propósito, uma das amigas.
“Ajudem-nos por favor!”, foi o apelo desesperado e dramático de mãe e filha, com ordem de despejo do sótão onde vivem, em Matarraque, que Cascais24Horas publicou esta quarta-feira.
No dia 8 de este mês, Guadalupe Bento recebeu uma carta dos advogados da senhoria, a informar que esta quinta-feira, dia 16, pelas 11h00, devia proceder à desocupação do imóvel e entrega das chaves.
Depois de uma noite de trabalho no Hospital de Alcoitão, onde exerce funções de assistente operacional, Guadalupe Bento, 60 anos, aguardou em casa, em desespero, a consumação do despejo anunciado.
A partir do local, o jornalista de Cascais24Horas entrou em contato com o escritório de advogados, na Parede, que representa, através de uma procuradora, a senhoria e que no dia 8 tinha enviado a carta a Guadalupe Bento.
O advogado Arménio Pereira revelou, então, que o despejo tinha sido adiado, tendo-se recusado a prestar quaisquer declarações sobre o processo.
Em declarações a Cascais24Horas, esta quarta-feira, Guadalupe Bento afirmou que a ação de despejo foi interposta oficialmente pela senhoria, idosa, de 95 anos, que vive num lar, na freguesia de São Domingos de Rana, embora por “detrás da mesma possa estar uma familiar, que contratou para o efeito os serviços de dois advogados da Parede”.
“Nunca faltei com o pagamento da renda, cerca de 173 euros mensais e nunca contestei a ação porque nunca rececionei qualquer notificação judicial que, a ter sido enviada, o que não ponho em causa naturalmente, só pode ter sido alegadamente desviada por alguém”, acrescentou.
Guadalupe Bento vive com a filha, 22 anos, com alegados problemas cognitivos, há dez anos no sótão de uma vivenda da rua Carvalho Araújo, em Matarraque.
Funcionária da Santa Casa da Misericórdia há cerca de 30 anos, Guadalupe Bento é um dos muitos munícipes de Cascais que ainda aguarda a atribuição de habitação social à qual candidatou-se em 2017, sem que até ao momento conheça o estado do processo.